domingo, 28 de junho de 2009

Céu%



Num fim de tarde, a chuva e o fogo do sol inteiramente unificados no céu. Nunca tive tão fulgurante visão do firmamento como naquele dia. Exceto ao ler o Federico Garcia Lorca. Naquele suicídio da tarde, tinha absoluta certeza de que seria algum apocalipse de fim-começo de mundo, as trombetas iriam tocar um som metálico-trágico e conheceria pessoalmente, enfim, Gabriel, Mercúrio, Pigmalião, Jesus, Zeus... toda a multidão celeste. Debaixo de grossa chuva com goteiras, estrelas, lua e sol e noite ao mesmo tempo fui escrevendo o texto. Comecei a melodia e parei – estava muito eufórico! Depois terminei a canção com Quaresma. Contudo, essa experiência verídica-fantástica foi somada às lembranças do verso do Lorca “o mar sorri ao longe: dentes de espuma, lábios de céu – do poema “balada da água do mar”. Desse verso escrevi as letras de céu% e o mar e o pano. Vieram coladas do mesmo Lorca, do mesmo céu total.

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